Um projeto para transformar o refeitório em um ambiente de convívio e aprendizagem

AUTONOMIA PARA COMER Sistema valoriza as escolhas e faz com que as crianças aprendam a se servir na hora da merenda. Fotos: Edi Vasconcelos
A diretora Nazareth Mazzega, da EMEF Barão de Monjardim, em João Neiva, a 80 quilômetros de Vitória, percebeu a importância de cuidar do refeitório como um espaço de aprendizagem depois de participar de encontros de formação em 2003, oferecidos pelo programa Escola Que Vale e desenvolvido pelo Centro de Educação e Documentação para a Ação Comunitária (Cedac) em parceria com a prefeitura local. "Antes, as merendeiras serviam os alunos. Os pratos eram de plástico, assim como os talheres e os demais utensílios. Alguns comiam sentados à mesa, outros preferiam o chão. Percebi que dessa maneira estávamos passando o conceito de que a hora da refeição é apenas para se alimentar", afirma Nazareth. "Optamos por implantar o sistema self-service, pois ele dá autonomia às crianças na hora da escolha, colabora no processo de reeducação alimentar e promove uma mudança de comportamento."
Convencer pais, alunos e professores da importância e da intencionalidade educativa na hora da merenda é o primeiro passo para um projeto ser bem-sucedido. "Não foi nada fácil. O município não dispunha de recursos imediatos para a troca do mobiliário e para a aquisição do material necessário. Fizemos campanhas na comunidade para conseguir os talheres e as primeiras toalhas foram confeccionadas pelos próprios alunos. Tempos depois, recebemos da prefeitura mesas grandes e travessas para servir." Numa segunda etapa, a escola promoveu palestras com nutricionistas e profissionais da saúde para toda a equipe e também para os estudantes dentro da campanha Não É Legal Se Alimentar Mal.
Em três meses, o recreio agitado, com pratos espalhados pelo pátio e crianças alimentando-se de lanches pouco nutritivos, foi substituído por momentos de convívio dentro do novo refeitório. Ampliou-se assim o conceito que a palavra refeição tinha em sua origem latina (refectionis), que era o de reparação das forças físicas e mentais. Os 230 alunos do Ensino Fundamental aprenderam a se servir sozinhos e a comer com todos os talheres (garfo, colher e faca). As merendeiras - que no início temeram ficar sem ter o que fazer diante da autonomia das crianças - ganharam outras funções e passaram a ajudar na organização das filas e a orientar as crianças a levar pratos e talheres aos lugares corretos após a merenda, separando os restos orgânicos dos alimentos dos materiais recicláveis. "A mudança foi significativa até em casa: a garotada passou a exigir que os pais arrumassem a mesa e sentassem junto para tomar café da manhã, almoçar e jantar", afirma a diretora.
Fim do desperdício

FORMAÇÃO EM SERVIÇO Durante a implantação, Nazareth (à direita)acompanhou o trabalho dos funcionários
Agora, o desafio dos gestores é manter o projeto em andamento e disseminar as orientações para os novos integrantes da equipe escolar. O assunto continua sendo discutido nos momentos de formação. O objetivo é sempre ampliar o olhar dos professores e funcionários sobre as aprendizagens que estão ou podem ser garantidas com a transformação do espaço e sobre as relações possíveis de estabelecer com as atividades pedagógicas - por exemplo, com as aulas de Ciências, nas atividades de culinária e nas de Educação Ambiental, no que diz respeito à reciclagem. "A grande questão para o diretor é fazer com que o projeto seja encampado por toda a escola, mostrando que esse espaço, assim como todos os outros, deve respeitar a criança", afirma Nazareth.
A seguir, você acompanha o passo a passo de um projeto institucional para fazer do refeitório de sua escola um local permanente de convívio e aprendizagem para todos.
Quer saber mais?
CONTATOS
Centro de Educação e Documentação para a Ação Comunitária
EMEF Barão de Monjardim, R. Negri Orestes, 60, João Neiva, ES, tel. (27) 3258-2333
Programa Escola Que Vale
BIBLIOGRAFIA
Currículo, Espaço e Subjetividade - A Arquitetura como Programa, Antonio Viñao Frago e Augustín Escolano, 152 págs., Ed. DP&A, tel. (21) 2232-1768, 25 reais
Livro do Diretor: Espaços & Pessoas - Idéias Práticas para Aprimorar a Escola, Tereza Perez (coord.), 142 págs., Cedac, tel. (11) 3097-0523, 30 reais
Centro de Educação e Documentação para a Ação Comunitária
EMEF Barão de Monjardim, R. Negri Orestes, 60, João Neiva, ES, tel. (27) 3258-2333
Programa Escola Que Vale
BIBLIOGRAFIA
Currículo, Espaço e Subjetividade - A Arquitetura como Programa, Antonio Viñao Frago e Augustín Escolano, 152 págs., Ed. DP&A, tel. (21) 2232-1768, 25 reais
Livro do Diretor: Espaços & Pessoas - Idéias Práticas para Aprimorar a Escola, Tereza Perez (coord.), 142 págs., Cedac, tel. (11) 3097-0523, 30 reais
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